quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Capote


Hoje, ao assistir o filme de Truman Capote, fui desafiada a entender o que se passa com o ser humano no momento em que decide pela vida de outro indivíduo. Truman, interpretado por Philip Seymour Hoffman, investiga um crime em uma pequena cidade de Kansas.

Como descrever Truman? Um jornalista bem sucedido, que se descobre em meio a um caso que definitivamente mudaria a vida de muitas pessoas. O assassinato de uma família abala uma cidade, aparentemente pacata.

Há um momento no filme em que Trumam deixa claro que existe sim, de fato, uma divisão, entre os que são conformados com as leis e os que não são. A diferença está na forma como são vistos, ou melhor, como não são. Truman exercita o seu poder de investigação. Amarra muito bem os detalhes desta história. Tenta uma aproximação para compreender os assassinos. Como ele bem diz, o livro, talvez seja o único momento em que eles teriam para contar a sua história, de mostrarem ao mundo o que de fato aconteceu.

Será que Truman se deixou levar por suas fontes, que no caso eram os próprios assassinos? Em diálogo com Trumam, um dos assassinos diz como ele deveria escrever. Apesar de Truman desaprovar tal orientação, como podemos garantir que não houve interferência?

Estamos acostumados a enxergar somente um lado dos fatos. Aquele que nos parece mais conveniente. Mas neste filme tive a sensação de estar do outro lado, atrás das grades. Truman levou aproximadamente seis anos para escrever o livro "A sangue frio". Precisava saber o que havia acontecido no dia do assassinato. Talvez ele estivesse esperando o contrário. Esperava ouvir dos assassinos que não eram culpados. Mas não foi assim. Mataram por dinheiro. O assassino e o seu comparsa foram senteciados a forca.
Para maior parte da sociedade, marginais como esses são invisíveis. Não os enxergamos. A forma de expurgá-los foi a forca. Nos reijatamos a entender o que acontece ao nosso lado. A forca é uma forma de esconder de nós mesmos a nossa prodidão.

É só...