by Internet
Sonhos
O mundo fica preto e branco
Quadros em uma sala vazia
Seu amor começa a se despedaçar
Melhor mudar sua atitude
Você quer o anel dourado
Você quer o céu Baby, apenas abra suas asas
Nós iremos cada vez mais alto
Direto para cima nós iremos
Nós iremos cada vez mais alto
Deixe tudo para trás
Corra, corra, fuja
Como um trem correndo fora dos trilhos
A verdade sendo deixada para trás
E cai sobre os escombros
Agarrando-se em sonhos destruídos
Nunca perdendo a vista, ah
Bom, apenas abra suas asas
Então, baby, seque seus olhos
Poupe as lágrimas que você tem chorado
Oh, é disso que os sonhos são feitos
Porque nós pertencemos a um mundo em que precisamos ser fortes
Oh, é disso que os sonhos são feitos
Yeah, nós iremos cada vez mais alto
Direto para cima nós iremos
Cada vez mais alto
Deixe tudo para trás
Nós iremos cada vez mais alto
Quem sabe o que encontraremos?
E no fim, dos sonhos dependeremos
Porque é disso que o amor é feito
(Van Halen)
O blog foi uma descoberta! A princípio, não acreditava. Escrever um diário, para quem? Por quê? Apesar de inspirar uma certa exposição, o blog pode e deve ser utilizado como uma ferramenta de informação. É um espaço democrático. Um espaço próprio. Os leitores, aqui, estarão livres para opinar, questionar, contestar etc.. Quero compartilhar, trocar. E nesta troca, todos ganham. Que esta experiência seja única!
segunda-feira, 27 de abril de 2009
quinta-feira, 16 de abril de 2009
Terra do sonho
Como entender e fazer parte de uma cultura, que não é a sua?
Por Carina Barros
Entrar em um país, que não é o seu, e ali passar um período da vida, para alguns pode ser uma tortura, outros entenderiam como uma aventura. Encarar esta situação parece fácil, mas não é! É como romper o cordão umbilical com a pátria-mãe.
O encontro com uma nova cultura pode trazer um alívio, em momentos de conflitos políticos. Para a chilena Anita Maria Vargas Erceg, 40 anos, atualmente professora de espanhol, a vinda para o Brasil foi quase uma fuga. Expõe: “Fugíamos de uma ditadura, em 1982. Conhecíamos, aqui, no Brasil, duas pessoas, apenas”.
Esses confrontos, muitas vezes, trazem barreiras para a adaptação em um novo país. Mário Geremias, 50 anos, padre e coordenador da Pastoral do Imigrante da Igreja Nossa Senhora da Paz, no Glicério, alerta: “Depois do 11 de setembro, o imigrante, que antes era o ‘amigo da pátria’, pois trazia consigo o desejo de construir a América, hoje, é considerado um inimigo”. Para ele, este cidadão é marginalizado, pois “muitas vezes o enxergam como uma ameaça, que causa violência e desemprego”. Esse conceito altera-se para etnias mais antigas como a dos japoneses, que comemorou este ano o centenário de sua imigração, em São Paulo. A ilegalidade é outro obstáculo para essa sociabilização. “A documentação é uma conquista, que propícia essa integração”, aponta o padre.
Memória Traçada
Na tentativa de reconstruir sua pátria, pessoas comuns acabam por retornar muitas vezes ao seu país de origem, porém não são todas que podem reorganizar suas vidas. Para isso, procuram estabelecer vínculos neste novo território. Anita mantém o costume de saborear abacate com sal, no pão. Explica: “Não consigo comer o abacate de outra forma, que não seja essa”. A salsa e as músicas latino-americanas são hábitos, também, cultivados por ela. Além, é claro, do próprio idioma: “Passo a maior parte do tempo falando espanhol, principalmente, com a minha filha”. Já, Silvana Mendonza Latorre, 45 anos, uruguaia, veio para o Brasil, pois o trabalho do seu marido exigia essa mudança: “Foi difícil, mas víamos, no Brasil, uma ótima opção”.
Por outro lado, existem as lembranças, que colaboram para preservação da memória de um país. Maria Rosa da Silva Cruz, 81 anos, aposentada, filha de português e neta de italiana, recorda-se de seu pai com muita saudade: “Lembro-me dos passeios de charrete com meu pai, em Ribeirão Preto. Ele me levava em todos os lugares”. Manuel José da Silva veio para o Brasil no início do século 20. Os navios, que chegavam ao Brasil, traziam muitos sonhos. Construir a América, seria um deles: “Meu pai queria se aventurar pelo Brasil”, afirma Maria. Ao chegar aqui, seu pai trabalhava na lavoura. Ordenhava ovelhas e, tão logo, tornou-se serralheiro e carpinteiro. Veio a falecer, quando ela tinha 12 anos.
Identidade e conflitos culturais
Essas histórias apontam caminhos diferentes, percorridos, até mesmo, por personagens importantes da nossa literatura. Mário de Andrade personifica em Macunaíma um brasileiro sem identidade própria. Gilberto Freyre descobre as senzalas e as casas grandes para nos dizer que “todo brasileiro traz na alma e no corpo a sombra do indígena ou do negro”.
A cidade de São Paulo é um exemplo dessa mistura, principal região de atração imigratória, ao longo dos séculos 19 e 20. A Historiografia Tradicional diz que essa imigração em massa foi a forma encontrada para substituir a mão-de-obra escrava, diante da abolição da escravatura, porém omite a tentativa de higienizar a população brasileira por meio do seu “embraquecimento”. São Paulo, então, tornou-se acolhedora, com seus aspectos cosmopolitas. Porém, essa integração não aconteceria, sem antes existir os conflitos culturais. Anita afirma ter presenciado “o choque da falta de cultura”. Complementa: “Quando cheguei aqui, encontrei pessoas analfabetas, que não se preocupavam em utilizar o idioma corretamente”.
Essas diferenças culturais sempre acontecerão. Apesar disso, elas não são maiores do que a solidariedade entre os povos. Ao chegar ao Brasil, Anita morava em uma pensão com seus pais e, logo após, mudou-se para um apartamento. Lá chegando, encontrou o apoio de alguns brasileiros e relembra: “Quando fomos para o apartamento, o moço da ‘perua’ nos doou um fogão, que foi utilizado por 15 anos. A vizinha, de cima, tinha duas panelas e nos deu uma”.
Anita reitera: “Ajudar independe da nacionalidade. Essas pessoas, que nos ajudaram, não nos conheciam. Não pedimos nada, mas elas estavam ali, prontas para nos ajudar”.
Para os orientais, esses conflitos são aparentes. As características físicas geram confusões. Janete Leiko Tanno, descendente de japoneses e historiadora, ressalta: “Somos nipo-brasileiros. No Brasil, somos japoneses. No Japão, somos brasileiros. Temos uma dupla identidade, que se inscreve nessas duas culturas”.
Movimentos Constantes
Ilana Peliciari Rocha, 27 anos, historiadora e professora, estuda a imigração sob um outro ponto de vista, do qual os estudiosos da Historiografia Tradicional, ainda, não se deram conta. São aspectos relacionados à reemigração e ao refluxo. Para ela, o movimento de ida e vinda não pode ser desconsiderado. “A saída desses cidadãos é um movimento, que não pode ser denominado como um fim”.
A historiadora, também, analisou o perfil de vários povos europeus, a partir de 1908, e declara: “Os portugueses retornavam mais rapidamente ao seu país de origem. Os italianos, por sua vez, além de retornar, reemigravam, principalmente, para a Argentina. Os espanhóis reemigravam com mais freqüência”. Justifica: “Esses movimentos aconteciam em família e estavam ligados a fatos sazonais, ora pela colheita, ora pela situação econômica e pela influência do mercado”.
Olhares novos como de Ilana nos possibilita entender melhor as particularidades de uma realidade, que nos parece distante no tempo, mas que, ainda, existe. Contar a História a partir dos grandes eventos oculta a singularidade dos milhares de relatos de pessoas, que colaboraram e colaboram para a compreensão da vida humana.
Peças de um mosaico
A construção de uma identidade coletiva
A história visual de cada sociedade tem a sua importância, na medida em que ela se torna um mecanismo de difusão cultural. “A dinamização cultural, através da fotografia, possibilita o acesso dessa memória à comunidade”, diz Ângela Disessa, fotógrafa, professora e responsável do Projeto “Santu Paulu”.
O Projeto existe desde 2003 e nasceu de uma busca pessoal de suas origens. “Não tive uma convivência com a cultura baresa, apesar dos meus avós serem bareses. Havia vários distanciamentos”, afirma Ângela. Essa procura individual manifestava uma necessidade muito maior, ou seja, uma necessidade coletiva. O trabalho acolhe a memória, em som e imagens, dos descendentes e imigrantes de Polignano a Mare, Puglia (sudeste da Itália) que vivem em São Paulo, conhecidos como “bareses”. Eles se instalaram, principalmente, na região entre a Rua do Gasômetro e o Mercado Municipal, no fim do século 19. Seu acervo conta com 90 horas de depoimentos gravados em áudio e mais de quinhentas fotos familiares digitalizadas e as de autoria da fotógrafa, durante seus 17 anos de trabalho.
“O desejo das pessoas, quando me entregam as fotos, é não morrer”, revela Ângela. Para ela, a principal característica do Projeto é criar uma apropriação da hereditariedade cultural. Reitera: “A tradição se opõe ao conservadorismo, na medida que a sua importância é dar continuidade a essa memória cultural”.
O Projeto se pauta a partir de pesquisas, organização de bancos de dados e divulgação de conteúdos através de workshops, programações culturais, mostras, publicações e propostas de estratégias que dêem visibilidade à memória paulistana/baresa.
Uma das iniciativas da fotógrafa é recriar a narrativa histórica a partir da mulher pugliese. “As mulheres, principalmente as puglieses, contribuem, de uma maneira geral, para a manutenção cultural”. Para ela, há uma vivência muito forte dessas mulheres, que não se articula com lógica racional da Historiografia.
Ângela transformou a sua necessidade em uma busca coletiva, a partir de suas próprias impressões. É como se ela estivesse reconstruindo um enorme mosaico, a sua própria vida.
Como entender e fazer parte de uma cultura, que não é a sua?
Por Carina Barros
Entrar em um país, que não é o seu, e ali passar um período da vida, para alguns pode ser uma tortura, outros entenderiam como uma aventura. Encarar esta situação parece fácil, mas não é! É como romper o cordão umbilical com a pátria-mãe.
O encontro com uma nova cultura pode trazer um alívio, em momentos de conflitos políticos. Para a chilena Anita Maria Vargas Erceg, 40 anos, atualmente professora de espanhol, a vinda para o Brasil foi quase uma fuga. Expõe: “Fugíamos de uma ditadura, em 1982. Conhecíamos, aqui, no Brasil, duas pessoas, apenas”.
Esses confrontos, muitas vezes, trazem barreiras para a adaptação em um novo país. Mário Geremias, 50 anos, padre e coordenador da Pastoral do Imigrante da Igreja Nossa Senhora da Paz, no Glicério, alerta: “Depois do 11 de setembro, o imigrante, que antes era o ‘amigo da pátria’, pois trazia consigo o desejo de construir a América, hoje, é considerado um inimigo”. Para ele, este cidadão é marginalizado, pois “muitas vezes o enxergam como uma ameaça, que causa violência e desemprego”. Esse conceito altera-se para etnias mais antigas como a dos japoneses, que comemorou este ano o centenário de sua imigração, em São Paulo. A ilegalidade é outro obstáculo para essa sociabilização. “A documentação é uma conquista, que propícia essa integração”, aponta o padre.
Memória Traçada
Na tentativa de reconstruir sua pátria, pessoas comuns acabam por retornar muitas vezes ao seu país de origem, porém não são todas que podem reorganizar suas vidas. Para isso, procuram estabelecer vínculos neste novo território. Anita mantém o costume de saborear abacate com sal, no pão. Explica: “Não consigo comer o abacate de outra forma, que não seja essa”. A salsa e as músicas latino-americanas são hábitos, também, cultivados por ela. Além, é claro, do próprio idioma: “Passo a maior parte do tempo falando espanhol, principalmente, com a minha filha”. Já, Silvana Mendonza Latorre, 45 anos, uruguaia, veio para o Brasil, pois o trabalho do seu marido exigia essa mudança: “Foi difícil, mas víamos, no Brasil, uma ótima opção”.
Por outro lado, existem as lembranças, que colaboram para preservação da memória de um país. Maria Rosa da Silva Cruz, 81 anos, aposentada, filha de português e neta de italiana, recorda-se de seu pai com muita saudade: “Lembro-me dos passeios de charrete com meu pai, em Ribeirão Preto. Ele me levava em todos os lugares”. Manuel José da Silva veio para o Brasil no início do século 20. Os navios, que chegavam ao Brasil, traziam muitos sonhos. Construir a América, seria um deles: “Meu pai queria se aventurar pelo Brasil”, afirma Maria. Ao chegar aqui, seu pai trabalhava na lavoura. Ordenhava ovelhas e, tão logo, tornou-se serralheiro e carpinteiro. Veio a falecer, quando ela tinha 12 anos.
Identidade e conflitos culturais
Essas histórias apontam caminhos diferentes, percorridos, até mesmo, por personagens importantes da nossa literatura. Mário de Andrade personifica em Macunaíma um brasileiro sem identidade própria. Gilberto Freyre descobre as senzalas e as casas grandes para nos dizer que “todo brasileiro traz na alma e no corpo a sombra do indígena ou do negro”.
A cidade de São Paulo é um exemplo dessa mistura, principal região de atração imigratória, ao longo dos séculos 19 e 20. A Historiografia Tradicional diz que essa imigração em massa foi a forma encontrada para substituir a mão-de-obra escrava, diante da abolição da escravatura, porém omite a tentativa de higienizar a população brasileira por meio do seu “embraquecimento”. São Paulo, então, tornou-se acolhedora, com seus aspectos cosmopolitas. Porém, essa integração não aconteceria, sem antes existir os conflitos culturais. Anita afirma ter presenciado “o choque da falta de cultura”. Complementa: “Quando cheguei aqui, encontrei pessoas analfabetas, que não se preocupavam em utilizar o idioma corretamente”.
Essas diferenças culturais sempre acontecerão. Apesar disso, elas não são maiores do que a solidariedade entre os povos. Ao chegar ao Brasil, Anita morava em uma pensão com seus pais e, logo após, mudou-se para um apartamento. Lá chegando, encontrou o apoio de alguns brasileiros e relembra: “Quando fomos para o apartamento, o moço da ‘perua’ nos doou um fogão, que foi utilizado por 15 anos. A vizinha, de cima, tinha duas panelas e nos deu uma”.
Anita reitera: “Ajudar independe da nacionalidade. Essas pessoas, que nos ajudaram, não nos conheciam. Não pedimos nada, mas elas estavam ali, prontas para nos ajudar”.
Para os orientais, esses conflitos são aparentes. As características físicas geram confusões. Janete Leiko Tanno, descendente de japoneses e historiadora, ressalta: “Somos nipo-brasileiros. No Brasil, somos japoneses. No Japão, somos brasileiros. Temos uma dupla identidade, que se inscreve nessas duas culturas”.
Movimentos Constantes
Ilana Peliciari Rocha, 27 anos, historiadora e professora, estuda a imigração sob um outro ponto de vista, do qual os estudiosos da Historiografia Tradicional, ainda, não se deram conta. São aspectos relacionados à reemigração e ao refluxo. Para ela, o movimento de ida e vinda não pode ser desconsiderado. “A saída desses cidadãos é um movimento, que não pode ser denominado como um fim”.
A historiadora, também, analisou o perfil de vários povos europeus, a partir de 1908, e declara: “Os portugueses retornavam mais rapidamente ao seu país de origem. Os italianos, por sua vez, além de retornar, reemigravam, principalmente, para a Argentina. Os espanhóis reemigravam com mais freqüência”. Justifica: “Esses movimentos aconteciam em família e estavam ligados a fatos sazonais, ora pela colheita, ora pela situação econômica e pela influência do mercado”.
Olhares novos como de Ilana nos possibilita entender melhor as particularidades de uma realidade, que nos parece distante no tempo, mas que, ainda, existe. Contar a História a partir dos grandes eventos oculta a singularidade dos milhares de relatos de pessoas, que colaboraram e colaboram para a compreensão da vida humana.
Peças de um mosaico
A construção de uma identidade coletiva
A história visual de cada sociedade tem a sua importância, na medida em que ela se torna um mecanismo de difusão cultural. “A dinamização cultural, através da fotografia, possibilita o acesso dessa memória à comunidade”, diz Ângela Disessa, fotógrafa, professora e responsável do Projeto “Santu Paulu”.
O Projeto existe desde 2003 e nasceu de uma busca pessoal de suas origens. “Não tive uma convivência com a cultura baresa, apesar dos meus avós serem bareses. Havia vários distanciamentos”, afirma Ângela. Essa procura individual manifestava uma necessidade muito maior, ou seja, uma necessidade coletiva. O trabalho acolhe a memória, em som e imagens, dos descendentes e imigrantes de Polignano a Mare, Puglia (sudeste da Itália) que vivem em São Paulo, conhecidos como “bareses”. Eles se instalaram, principalmente, na região entre a Rua do Gasômetro e o Mercado Municipal, no fim do século 19. Seu acervo conta com 90 horas de depoimentos gravados em áudio e mais de quinhentas fotos familiares digitalizadas e as de autoria da fotógrafa, durante seus 17 anos de trabalho.
“O desejo das pessoas, quando me entregam as fotos, é não morrer”, revela Ângela. Para ela, a principal característica do Projeto é criar uma apropriação da hereditariedade cultural. Reitera: “A tradição se opõe ao conservadorismo, na medida que a sua importância é dar continuidade a essa memória cultural”.
O Projeto se pauta a partir de pesquisas, organização de bancos de dados e divulgação de conteúdos através de workshops, programações culturais, mostras, publicações e propostas de estratégias que dêem visibilidade à memória paulistana/baresa.
Uma das iniciativas da fotógrafa é recriar a narrativa histórica a partir da mulher pugliese. “As mulheres, principalmente as puglieses, contribuem, de uma maneira geral, para a manutenção cultural”. Para ela, há uma vivência muito forte dessas mulheres, que não se articula com lógica racional da Historiografia.
Ângela transformou a sua necessidade em uma busca coletiva, a partir de suas próprias impressões. É como se ela estivesse reconstruindo um enorme mosaico, a sua própria vida.
O chamado interno
Decidir-se pela carreira é decidir a vida
Por Carina Barros
A palavra “casamento”, antigamente, tinha uma conotação diferente da que se tem hoje. Para decisões não muito graves ou para aquelas que poderiam se desfazer, usava-se a prerrogativa de que, o fato em questão não era um casamento. Justificavam-se assim, as re-escolhas. Casar-se, pressupunha uma decisão sem volta. Porém, hoje, casa-se e descasa-se com muita facilidade. Com a profissão não dá para ser assim. Não é uma questão apenas de amar. Depende do saber. Há que se ter condições de conhecer aquilo que se ama.
Não se pode fazer tudo ao mesmo tempo, mas dentre todas as possibilidades, a escolha deve ser por um amor sublime. Supremo. A renúncia existirá. Será somente mais uma, entre tantas. O jovem estudante deve se guiar por aquele chamado interno: a vocação. Esse casamento será para vida inteira e não serão permitidas infidelidades com outras profissões.
Para se atingir o sucesso profissional é fundamental conhecer as qualidades e as características pessoais, baseando-se pela vontade de fazer algo e pelas competências.
Descobertas
Mas como descobrir competências? Este questionamento é muito comum entre os estudantes, principalmente, para aqueles que já concluíram o ensino médio, ou estão próximos de finalizá-los. Algumas instituições educacionais oferecem serviços de orientação profissional. Pedagogos e psicólogos a utilizam. Esta alternativa tem sido muito procurada, em grande parte por adolescentes de 15 e 17 anos. É o que Maysa Yonamine, 17 anos, que está no último ano do ensino médio fará. Turismo e Hotelaria, Comércio Exterior e Psicologia, são as áreas que a despertaram mais. Para ela a orientação abrirá um caminho, onde todas as dúvidas poderão ser discutidas. Além deste serviço, Maysa participa de feiras estudantis, palestras e aproveita para ler sobre várias áreas. “Quero ter uma boa remuneração, pois quero me estabilizar financeiramente. Depois farei aquilo que eu mais gosto”. Esta afirmação se confronta com outras opiniões. Para Ana Patrícia Mota, 18 anos, auxiliar administrativo, que também recorreu à orientação profissional, é possível conciliar as duas coisas, ou seja, pode haver um equilíbrio nesta relação. Ana terminou a sua orientação profissional e está em dúvida entre Jornalismo e Administração de Empresas. Esta dúvida persiste, pois o Jornalismo é algo com que ela se identifica. Já a área de Administração de Empresas permite maior facilidade de atuação, pois já está empregada na área. Porém reitera: “Quero fazer o que gosto”. A orientação causou grandes mudanças em sua vida. “Eu me encontrei mais."
Competição
O mercado de trabalho é outra dúvida recorrente. Sua expansão é crescente, revertendo-se em um maior espaço para os jovens profissionais. Paralelo a isso o número de pessoas formadas cresce continuamente.
De acordo com o último censo realizado em 2005, pelo Ministério da Educação, cerca de 717. 858 pessoas conseguiram concluir o curso universitário. O mercado de trabalho incorpora esses números, tornando-se cada vez mais competitivo. Esta concorrência acaba por permear todas as relações profissionais, estendendo-se inclusive para as relações cotidianas.
É possível supor que o velho drama da escolha profissional tenha se resolvido a partir dessa abertura no mercado de trabalho, porém muitos jovens saem do ensino médio sem saber o que fazer. Não estão prontos a escolher, tampouco aptos a decidir sobre suas vidas. O vestibular é um dos momentos em que esses adolescentes passam a ser donos de suas próprias atitudes.
“Tenho muitas dúvidas em relação ao mercado de trabalho”, confirma Maysa. Os exemplos de profissionais bem sucedidos em áreas que, por exemplo, são caracterizadas pelo seu difícil acesso ao mercado de trabalho, podem eliminar alguns mitos. O mercado de trabalho exige certa maturidade ao escolher e tomar decisões.
Profissional e Vocacional
Uma das definições de orientação adjetivada com os termos vocacional e profissional foi descrita por Mark L. Savickas, teórico e pesquisador da área, como uma ajuda aos indivíduos indecisos, para que eles possam avaliar o seu repertório comportamental e traduzi-lo em escolhas vocacionais. Para Tabata de Mello Rodrigues, psicóloga da Clínica de Psicologia Aplicada (CPA) da Universidade São Judas Tadeu, a orientação não deve ser baseada em testes. “O teste é apenas um complemento”, conclui.
Conhecer-se, por exemplo, é uma forma de melhorar a aplicação dos testes. “O autoconhecimento faz o indivíduo pensar sobre si mesmo”, afirma Evelise de Souza Coutinho, outra psicóloga da clínica.
Para se atingir o sucesso profissional é fundamental conhecer as qualidades e as características pessoais, baseando-se pela vontade de fazer algo e pelas competências.
Descobertas
Mas como descobrir competências? Este questionamento é muito comum entre os estudantes, principalmente, para aqueles que já concluíram o ensino médio, ou estão próximos de finalizá-los. Algumas instituições educacionais oferecem serviços de orientação profissional. Pedagogos e psicólogos a utilizam. Esta alternativa tem sido muito procurada, em grande parte por adolescentes de 15 e 17 anos. É o que Maysa Yonamine, 17 anos, que está no último ano do ensino médio fará. Turismo e Hotelaria, Comércio Exterior e Psicologia, são as áreas que a despertaram mais. Para ela a orientação abrirá um caminho, onde todas as dúvidas poderão ser discutidas. Além deste serviço, Maysa participa de feiras estudantis, palestras e aproveita para ler sobre várias áreas. “Quero ter uma boa remuneração, pois quero me estabilizar financeiramente. Depois farei aquilo que eu mais gosto”. Esta afirmação se confronta com outras opiniões. Para Ana Patrícia Mota, 18 anos, auxiliar administrativo, que também recorreu à orientação profissional, é possível conciliar as duas coisas, ou seja, pode haver um equilíbrio nesta relação. Ana terminou a sua orientação profissional e está em dúvida entre Jornalismo e Administração de Empresas. Esta dúvida persiste, pois o Jornalismo é algo com que ela se identifica. Já a área de Administração de Empresas permite maior facilidade de atuação, pois já está empregada na área. Porém reitera: “Quero fazer o que gosto”. A orientação causou grandes mudanças em sua vida. “Eu me encontrei mais."
Competição
O mercado de trabalho é outra dúvida recorrente. Sua expansão é crescente, revertendo-se em um maior espaço para os jovens profissionais. Paralelo a isso o número de pessoas formadas cresce continuamente.
De acordo com o último censo realizado em 2005, pelo Ministério da Educação, cerca de 717. 858 pessoas conseguiram concluir o curso universitário. O mercado de trabalho incorpora esses números, tornando-se cada vez mais competitivo. Esta concorrência acaba por permear todas as relações profissionais, estendendo-se inclusive para as relações cotidianas.
É possível supor que o velho drama da escolha profissional tenha se resolvido a partir dessa abertura no mercado de trabalho, porém muitos jovens saem do ensino médio sem saber o que fazer. Não estão prontos a escolher, tampouco aptos a decidir sobre suas vidas. O vestibular é um dos momentos em que esses adolescentes passam a ser donos de suas próprias atitudes.
“Tenho muitas dúvidas em relação ao mercado de trabalho”, confirma Maysa. Os exemplos de profissionais bem sucedidos em áreas que, por exemplo, são caracterizadas pelo seu difícil acesso ao mercado de trabalho, podem eliminar alguns mitos. O mercado de trabalho exige certa maturidade ao escolher e tomar decisões.
Profissional e Vocacional
Uma das definições de orientação adjetivada com os termos vocacional e profissional foi descrita por Mark L. Savickas, teórico e pesquisador da área, como uma ajuda aos indivíduos indecisos, para que eles possam avaliar o seu repertório comportamental e traduzi-lo em escolhas vocacionais. Para Tabata de Mello Rodrigues, psicóloga da Clínica de Psicologia Aplicada (CPA) da Universidade São Judas Tadeu, a orientação não deve ser baseada em testes. “O teste é apenas um complemento”, conclui.
Conhecer-se, por exemplo, é uma forma de melhorar a aplicação dos testes. “O autoconhecimento faz o indivíduo pensar sobre si mesmo”, afirma Evelise de Souza Coutinho, outra psicóloga da clínica.
Em geral este serviço é disponibilizado gratuitamente, como é na Universidade São Judas Tadeu. O trabalho é composto por várias etapas. Em um primeiro momento, é realizada uma triagem, baseada no perfil dos estudantes que procuram a clínica. Para Evelise, o ideal é formar grupos homogêneos, porém é uma tarefa difícil. Pois cada um tem uma necessidade e disponibilidade diferente. Apesar desta impossibilidade, a clínica adota meios que possam diminuir essas diferenças. “Trabalhamos com atividades para o grupo, observando as características individuais”, diz Evelise. Essas atividades vão desde questionários com perguntas pessoais até discussões sobre a influência dos pais na decisão profissional. Há também uma devolutiva individual. Funciona como um feedback. Normalmente, são cinco encontros, que exigem uma maior exposição. Portanto, é perceptível qualquer alteração, qualquer forma de induzir o seu resultado. “Na discussão, as divergências no discurso são percebidas”, explica Evelise.
Pais x Filhos
Os adolescentes sofrem vários tipos de influências. Dos pais, dos amigos, do mercado de trabalho etc. É a primeira decisão individual desses jovens, o que significa que não são mais crianças. A ansiedade não está apenas nos adolescentes, também está nos pais. Alguns serviços de orientação profissional, como o da CPA da Universidade São Judas Tadeu, por exemplo, aproximam os pais para este debate, por meio de encontros, onde os filhos não participam. “Alguns pais admitem influenciar”, aponta Evelise Nestas reuniões, os pais recebem uma carta geral, feita pelo grupo, sem citações diretas. Alguns pais se manifestam, outros tentam se esconder. A orientação procura se aliar ao aconselhamento profissional. Estimular a percepção de várias áreas conflui para uma decisão consciente. Os adolescentes devem ser motivados a pesquisar a área escolhida. Tabata declara que não seria assertivo convidar profissionais, pois poderia influenciar na escolha, além de agradar apenas alguns participantes. A iniciativa deve partir deles. “A partir de um esforço e iniciativa deles, discutimos”, defende Tabata.
Pais x Filhos
Os adolescentes sofrem vários tipos de influências. Dos pais, dos amigos, do mercado de trabalho etc. É a primeira decisão individual desses jovens, o que significa que não são mais crianças. A ansiedade não está apenas nos adolescentes, também está nos pais. Alguns serviços de orientação profissional, como o da CPA da Universidade São Judas Tadeu, por exemplo, aproximam os pais para este debate, por meio de encontros, onde os filhos não participam. “Alguns pais admitem influenciar”, aponta Evelise Nestas reuniões, os pais recebem uma carta geral, feita pelo grupo, sem citações diretas. Alguns pais se manifestam, outros tentam se esconder. A orientação procura se aliar ao aconselhamento profissional. Estimular a percepção de várias áreas conflui para uma decisão consciente. Os adolescentes devem ser motivados a pesquisar a área escolhida. Tabata declara que não seria assertivo convidar profissionais, pois poderia influenciar na escolha, além de agradar apenas alguns participantes. A iniciativa deve partir deles. “A partir de um esforço e iniciativa deles, discutimos”, defende Tabata.
As descobertas são importantes neste momento. A orientação, apenas, faz a intermediação dos adolescentes com os profissionais.
Aplicação
Todas as clínicas de psicologia adotam linhas de abordagem diferentes. A usada na clínica da Universidade São Judas Tadeu é a construtivista, ou seja, o sujeito é instigado a construir a sua identidade, se apropriando da sua escolha. É uma construção crítica que colabora para a sua formação. “Na orientação profissional, o adolescente não fará um teste para focar tal área. Aprenderá a escolher”, ressalta Evelise. Quando se conhece apenas uma, entre tantas possibilidades, o indivíduo tende a se fechar para as demais, porém é no momento em que se conhece todas as opções que surgem as indecisões. Essas dúvidas serão importantes para a definição da sua escolha. O campo de possibilidades se ampliará. Não é preciso ter pressa para essa escolha. Esse tempo será definido pelo próprio jovem, porém é possível mudar de idéias. Pode-se começar de novo. O direito da re-escolha existe, afinal nada é definitivo. Nem os casamentos, nem as profissões e, principalmente, a vida.
Aplicação
Todas as clínicas de psicologia adotam linhas de abordagem diferentes. A usada na clínica da Universidade São Judas Tadeu é a construtivista, ou seja, o sujeito é instigado a construir a sua identidade, se apropriando da sua escolha. É uma construção crítica que colabora para a sua formação. “Na orientação profissional, o adolescente não fará um teste para focar tal área. Aprenderá a escolher”, ressalta Evelise. Quando se conhece apenas uma, entre tantas possibilidades, o indivíduo tende a se fechar para as demais, porém é no momento em que se conhece todas as opções que surgem as indecisões. Essas dúvidas serão importantes para a definição da sua escolha. O campo de possibilidades se ampliará. Não é preciso ter pressa para essa escolha. Esse tempo será definido pelo próprio jovem, porém é possível mudar de idéias. Pode-se começar de novo. O direito da re-escolha existe, afinal nada é definitivo. Nem os casamentos, nem as profissões e, principalmente, a vida.
:: SAMPA ::
Mercado Municipal - símbolo da gastronomia paulista
São Paulo é a síntese do Brasil e de centenas de povos. Para muitos, é a capital gastronômica do mundo, pois oferece inúmeras opções, promovendo encontros entre cozinhas regionaise mundiais, e acaba assumindo sua maior característica: ser uma cidade cosmopolita.
Gastronomias como a do Japão, da Itália e a sírio-libanesa são fortemente valorizadas. O sushi, a pizza e o quibe foram incorporados, definitivamente, ao cardápio paulista, e nos mostram que nos igualamos pela boca, pelo paladar.
Não podemos conhecer São Paulo, sem antes experimentar angu, buchada, galinhada, pizza, sushi, quibe, feijoada etc.., pois é pela boca que se conhece, verdadeiramente, uma cultura.
São Paulo é a síntese do Brasil e de centenas de povos. Para muitos, é a capital gastronômica do mundo, pois oferece inúmeras opções, promovendo encontros entre cozinhas regionaise mundiais, e acaba assumindo sua maior característica: ser uma cidade cosmopolita.
Gastronomias como a do Japão, da Itália e a sírio-libanesa são fortemente valorizadas. O sushi, a pizza e o quibe foram incorporados, definitivamente, ao cardápio paulista, e nos mostram que nos igualamos pela boca, pelo paladar.
Não podemos conhecer São Paulo, sem antes experimentar angu, buchada, galinhada, pizza, sushi, quibe, feijoada etc.., pois é pela boca que se conhece, verdadeiramente, uma cultura.
segunda-feira, 6 de abril de 2009
Garapa: a realidade de muitos
Seria mais uma entre tantas, mas não foi. Naquela tarde de sábado, assisti a um documentário, que me marcou muito. Foi um soco no estômago. Assisti a cenas de muita tristeza e covardia.
O documentário de José Padilha, Garapa, conseguiu me transportar a um universo diferente e distante.
Jamais conseguiria, ou pelo menos, chegaria próximo do que aquelas pessoas da Comunidade de Santa Rita, no Estado do Ceará, sentem. São famílias sofridas, pela dor de suas fomes.
Histórias reais, de um Brasil desconhecido, negligenciado. Padilha nos mostra detalhes da realidade dessas pessoas que sobrevivem com muito pouco, na busca incessante por alimentos. Os dias são angustiantes e longos. Eternos!
Não há esperança de um novo amanhã. As horas passam lentamente, e fome surge como um animal voraz, incontrolável.
O arroz, o feijão e a farinha são divididos entre o almoço e a janta. Quando se almoça, não se janta, e vice-versa. Não se tem escolha. E a garapa engana a fome dos mais fracos, e dos que mais sofrem, as crianças.
O filme discute não só o problema da fome, como também questiona esse Estado, do qual fazemos parte, por se apresentar omisso diante dessa realidade.
Não podemos mais permitir que isso ocorra. A mudança deve começar aos poucos. Cabe a todos nós, perceber que essa realidade está ao nosso lado, na rua em que moramos, no bairro em que vivemos, e em nossa cidade. Devemos olhar ao lado, notar o que acontece ao nosso redor.
Estou cansada de esperar do outro, o que eu deveria fazer. Cada um de nós, tem uma responsabilidade. Não a de mudar o mundo, porque seria impossível, mas a de transformar a nossa realidade, seja através de ações ou atitudes.
É isso...
O documentário de José Padilha, Garapa, conseguiu me transportar a um universo diferente e distante.
Jamais conseguiria, ou pelo menos, chegaria próximo do que aquelas pessoas da Comunidade de Santa Rita, no Estado do Ceará, sentem. São famílias sofridas, pela dor de suas fomes.
Histórias reais, de um Brasil desconhecido, negligenciado. Padilha nos mostra detalhes da realidade dessas pessoas que sobrevivem com muito pouco, na busca incessante por alimentos. Os dias são angustiantes e longos. Eternos!
Não há esperança de um novo amanhã. As horas passam lentamente, e fome surge como um animal voraz, incontrolável.
O arroz, o feijão e a farinha são divididos entre o almoço e a janta. Quando se almoça, não se janta, e vice-versa. Não se tem escolha. E a garapa engana a fome dos mais fracos, e dos que mais sofrem, as crianças.
O filme discute não só o problema da fome, como também questiona esse Estado, do qual fazemos parte, por se apresentar omisso diante dessa realidade.
Não podemos mais permitir que isso ocorra. A mudança deve começar aos poucos. Cabe a todos nós, perceber que essa realidade está ao nosso lado, na rua em que moramos, no bairro em que vivemos, e em nossa cidade. Devemos olhar ao lado, notar o que acontece ao nosso redor.
Estou cansada de esperar do outro, o que eu deveria fazer. Cada um de nós, tem uma responsabilidade. Não a de mudar o mundo, porque seria impossível, mas a de transformar a nossa realidade, seja através de ações ou atitudes.
É isso...
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